ABENÇOADO - PARTE II
O Tadeu até nem é má pessoa, mas ficou parvo quando conheceu a Esmeralda, aspirante a fadista.
Loira, roliça com um ar tão frágil que o Tadeu a quis proteger.
Por isso, ao regressar de uma visita à casa de banho, tropeço e quase caio se não fosse a Letícia segurar-me.
" O que fazes aqui, rapariga? " pergunto, pois este corredor é interdito ao pessoal do bar durante o espectáculo.
" Shh..." sussurra e puxa-me para um camarim vazio. Apaga as luzes, deixa uma nesga da porta aberta e esperamos.
Tento falar, mas a Letícia pede-me silêncio. E, esperamos os dois, sei lá por quem ou quê.
O Tadeu aparece, vindo do corredor que leva ao escritório, vestiário do pessoal e armazém.
Uns segundos depois, a Esmeralda (a artista da noite) desce as escadas de serviço e ao ver o Tadeu, suspira:
" Ai, meu amor, esperei todo o dia por este momento!" e os dois beijam-se com tal sofreguidão que eu fico assustado.
" O Jacinto vem cá este noite? " indaga o Tadeu.
" Não, tem uns planos para rever. Podemos ficar juntos a noite toda. Disse - lhe que ficava em casa da Letícia." responde Esmeralda.
" Mentirosa!" murmura a minha companheira do crime.
CONTINUA
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