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A mostrar mensagens de março, 2017

O DJ - O NOVO CASO DO INSPECTOR LEANDRO

O inspector Leandro não entendia a razão das pessoas escolherem alcunhas como “Mad” Bastos, “Red” Zé ou “Top” Ventura. Mas ali estava ele, naquele bar deserto ainda com vestígios da loucura da noite, sentado em frente de um segurança conhecido como “Mad” Joe. “ Mad, hem? Pavio curto é? “ perguntou irónico, mas o segurança esboçou um sorriso e comentou: “ Não, chefe. Sou muito calmo! O meu físico impõe respeito!” e riu-se. Leandro sorriu e concordou com ele. Devia ter mais de um metro e noventa de altura e devia passar horas no ginásio para ter aqueles músculos. “ Conte-me o que aconteceu ontem à noite. Quem é este...” parou um momento para consultar o bloco que tinha aberto à frente dele “ DJ Macabro?” “ É o responsável pela música às 5ªs Feiras. Escolhe umas músicas estranhas, chama-lhes “magie noire” e o pessoal fica louco. Gritam, dançam e ontem até tive que expulsar uns 4 ou 5, porque umas raparigas queixaram-se que as estavam a assediar...” “ Isso é habitual?” in

JACINTO - O FIM

Nas semanas seguintes, estou tão ocupado que nem penso no Francisco.  Pobre miúdo! Quem sabe se ele não gostaria de cuidar de uma planta? Ou ajudar-me aqui no jardim? Naquela manhã, estou a preparar os canteiros para plantar as roseiras quando ouço alguém a abrir o portão. " Talvez seja um dos filhos da viúva!"  penso e recrimino-me de imediato " Que mania de lhe chamar viúva! D.Sofia! Sofia, Sofia..." " Bom dia!" e reconheço de imediato a voz da mãe do Francisco.  Viro-me e lá está ele de calções de ganga e um polo vermelho. Sorridente, é certo, mas não se precipita ao meu encontro. Segura a mão da mãe e se bem que esteja a olhar para mim, n ão sei se me reconhece. " Olá, Francisco! Vieste ver o jardim ou vens ajudar-me?" digo. Francisco solta a mão da mãe e caminha devagarinho até onde estou.  Levanta o rosto, olha-me nos olhos, sorri e enfia a mãozinha na minha. Espantado, procuro o olhar da mãe que

JACINTO - PARTE IV

" Ele não fala muito.. Tem um temperamento especial..." desculpa-se a mãe " Vamos deixá-lo trabalhar. Muito obrigada por tudo." e estende-me a mão que aperto. " Adeus, Francisco. Volta sempre que quiseres!" mas o miúdo não me olha e eu não sei se me ouviu. Enquanto trato das orquídeas, penso no que a mãe disse.  Não fala muito? Temperamento especial? Mudo? Autista? Asperger? Qual deles? Inclino-me mais para autismo. Pobre miúdo! lamento, mas entretanto, a viúva chama-me e passo o resto da tarde a falar dos meus planos para o jardim. Ela concorda que plante arbustos perto do muro e fica entusiasmada quando lhe conto que vou plantar novas roseiras. " Ah, vai ser muito bom ver este jardim novamente com vida!" confessa-me " A paixão dele eram as orquídeas, mas manteve sempre o jardim limpo e florido. Obrigada!" Não respondo...  Não sei verdadeiramente o que dizer... " Não digas nada!" aconselha-me a minha Mãe quando

JACINTO - PARTE III

" Pronto! Já está! " digo e o miúdo olha-me sorridente. " Não é melhor ires para casa? A tua mãe não estará preocupada?" pergunto, mas não obtenho qualquer resposta. Ele continua a olhar-me e percebo que está feliz.  Feliz porque esteve a fazer um monte de folhas? Estranho! penso, mas sorrio também. " O Senhor desculpe..." diz uma voz por trás de mim. Viro-me e vejo uma senhora loira, com um ar aflito encostada ao portão. " Viu um menino ruivo com uns calções azuis e uma T-Shirt Branca?"  continua com a voz alterada. Nesse instante, o miúdo espreita também e a senhora relaxa. " Oh, Francisco! Tenho andado à tua procura! Não podes fazer mais isto!" e quando lhe abro o portão, entra e ajoelha-se em frente do miúdo. Dá-lhe um forte abraço e depois um pequeno safanão. " Não podes fazer mais isto!" repete e eu explico: " Encontrei-o aqui com outros miúdos a brincarem neste monte de

JACINTO - PARTE II

Preciso de cortar a relva, mas primeiro varro.  Há um canteiro com ervas aromáticas e outro com rosas.   Há um outro canteiro que parece estar vazio; amanhã tenho que perguntar se posso plantar qualquer coisa. Talvez amores perfeitos... Ou rosas de outra cor.... Faço um monte com as folhas perto do portão das traseiras que dá para o parque.  Saio por lá; gosto de passear pelo parque, às vezes fico a conversar com os jardineiros. No dia seguinte, encontro uns miúdos a brincar no monte de folhas.  O muro é baixo e devem ter saltado. " Ah, pestes! Fora daqui!" grito mesmo de antes de abrir o portão.   São quatro e devem ter uns 8, 9 anos e olham-me divertidos.  Riem-se e saem pelo portão a correr. " E não voltem!" digo e só então é que reparo que um deles ainda está sentado no monte de folhas. " Não me ouviste? Vai-te embora!" mas o miúdo apenas sorri e não obedece. Levanta-se quando me aproxima, mas não fala. "

JACINTO

Jacinto Jardineiro.... A alcunha ficou e até a minha Mãe me chama assim... Houve uma altura em que isso me incomodava, mas a verdade é que sou um jardineiro e adoro o que faço. A minha verdadeira paixão são as orquídeas e uma senhora viúva contratou-me recentemente para tomar conta da estufa do marido. Diz ela que não é capaz de as destruir; seria uma traição à memória do marido.  " Mas também não sei como as tratar..." confessa " Era o Mundo dele e só se entrava aqui por convite." conta com um sorriso muito triste. Tenho carta branca para fazer o que quiser. Mas eu respeito as orquídeas e estas foram muito amadas. Quero continuar o trabalho do velho senhor e por aqui, aqui estou longe do Mundo. Numa estufa perfeita no meio de um jardim bem cuidado que exploro cuidadosamente. CONTINUA

LOUCURA TOTAL - FIM

" Como? Que história é essa? Explica-te, Bernardes!" exige Leandro. " O Torcato gosta desse tipo de livros e como é fã da dupla, resolveu investigar. Há um livro, " A Cor" em que a protagonista morre, não há sinais visíveis de estrangulamento ou tiros. Concluí-se na autopsia que...." conta Bernardes, mas o telefone  interrompe-o. Leandro atende; é o médico legista com resultados e Bernardes nota que o inspector fica perturbado. " Então? " pergunta o sargento. Leandro demora uns segundos a responder e quando o faz, surpreende-o: " Nesse livro, a protagonista morre de choque anafilático? " " Exactamente!" confirma o Bernardes. " Mas o que aconteceu? A Teresa Emanuel morreu disso? " " Ao que parece, era alérgica a ibuprofeno e deve ter tomado alguma coisa com isso na composição. " diz Leandro lentamente " Como é que vamos provar isso? Alguém lho deu?... Mas ela era capaz de pe

LOUCURA TOTAL - PARTE VI

Despedem-se e saem para a rua. Leandro dá instruções claras ao Bernardes: quer ter detalhes sobre a situação financeira de Teresa, de Luisa e da editora. Enquanto Bernardes investiga, Leandro vai ter com o médico legista e este diz-lhe que a autópsia é inconclusiva. Tem a certeza de que não morreu de ataque cardíaco, mas não pode adiantar mais nada. Vai fazer mais alguns testes, mas não espera ter grandes resultados.  " Este caso vai ser um beco sem saída. Mas porque é que a agente gritou que ela foi assassinada?" e com isto em mente, entra no gabinete. O Bernardes está ao telefone, mas faz-lhe sinal de que tem novidades. " Segundo informações da antiga editora, a Teresa Emanuel ainda recebe royalties dos livros que escreveu em parceria com o ex-marido. É esse dinheiro que está a sustentar a editora que abriu juntamente com a Luisa. Com o sucesso do 1º livro, recebeu uma proposta... " Bernardes cala-se por uns segundos, lê os apontamentos e r

LOUCURA TOTAL - PARTE V

Aquele arranhão no dedo intriga Leandro, mas acha que nem o médico legista vai responder à pergunta que não o deixa em paz. Mas são quase onze horas e a agente está à espera deles. Chama-se Luisa, é baixinha e um pouco roliça.  Tem uns olhos pretos muito vivos e um sorriso cativante. A primeira pergunta é: " Foi assassinada, não foi?" e parece desapontada quando Leandro diz que estão apenas a confirmar depoimentos. " A senhora e a Teresa Emanuel eram amigas?" questiona Bernardes. " Sim, amigas de infância. Fomos juntas para a Universidade, frequentamos o Curso de Literatura e Línguas Modernas e trabalhamos durante algum tempo na mesma editora. Entretanto, ela conheceu o Tomás e saiu. Eu continuei lá.... Mas já falaram com o Tomás? Tenho a certeza de que foi ele..." interrompe. Leandro sorri calmamente e explica pacientemente: " Como disse, estamos a confirmar depoimentos. Preciso de conhecer um pouco mais a Teresa..."

LOUCURA TOTAL - PARTE IV

Enquanto janta, faz uma pequena lista do que deverá ser feito, mas quando chega ao gabinete na manhã seguinte, o Sargento Bernardes já tomou algumas providências. " A agente já teve alta e pode receber-nos hoje às onze. Ainda não consegui localizar o ex-marido e o médico legista diz que podemos passar por lá depois das quinze horas." relata o sargento. " E as análises à garrafa e ao copo? " pergunta Leandro, mas o telefone toca nesse momento  e o Bernardes atende. Leandro senta-se à secretária e assina alguns documentos. O Sargento aparece alguns minutos depois e diz: " Era a editora responsável pela publicação dos livros do ex-marido. Ele está na Argentina, a fazer pesquisa para o próximo livro e deve regressar dentro de dois dias. Pedi-lhes para nos contactarem quando tiverem confirmação do dia de chegada... O que é acha, chefe? " " Não sei... Temos que esperar pela autópsia e a análise da garrafa e do copo. Pode ser que confir