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A mostrar mensagens de outubro, 2016

ANTÓNIO SEDUZIDO - PARTE IV

Surpreende a senhora da biblioteca ao pedir livros de poesia. " Não estarás enganado, António? Tu, a leres poesia? " pergunta, brincalhona. António não responde e lê.  Lentamente, encontra respostas para o que sente ao ler um poema. Emociona-se e descobre cor na vida. Paixão no Vento... Amor na Lua... Desejo no Sol... Sussurros na pele... A vida não é apenas uma estatística; há pessoas, emoções, sentimentos... António abre o coração a tudo isso e beija a namorada com uma tal paixão que esta pensa que está a sonhar. António está seduzido e aprende a seduzir... O matemático torna-se um poeta.... CONTINUA

ANTÓNIO SEDUZIDO - PARTE III

É um poema simples. Curto, mas as palavras são leves, transparentes. Fala do tempo e de memórias.  Memórias de uma infância feliz. António relê e percebe que também há ali uma certa tristeza.   Porquê? pergunta a mente  tão crítica do rapaz. O futuro matemático fecha o livro com brusquidão.   Não quer saber de mais nada; tem aquele problema complicado de estatística para resolver. Mas o poema insinua-se por entre as fileiras de números e António abre novamente o livro. Procura um outro poema. Desta vez, espera que fale de sedução.  Não, o poeta não fala de sedução; fala de si, do que ama...  Do pôr-do-sol, da Lua... Das estrelas... Da brisa... António está intrigado e procura saber mais.  CONTINUA

ANTÓNIO SEDUZIDO - PARTE II

" Não vai ser fácil; vai sair da zona de conforto dele, mas é exactamente isso que eu quero." admite a professora mais tarde na sala dos professores. " Espero que tenhas razão. Como matemático,  o António é brilhante!" duvida a responsável pelo Departamento de Ciências Matemáticas. O António pensa exactamente nisso. Talvez devesse tratar o poema como uma fórmula matemática... Uma equação linear... Ou uma estatística! " Ai, que a Dra quer que eu enlouqueça!" queixa-se " Mas eu gosto de um bom desafio; também vou resolver este!" considera. Tão embrenhado está nestas considerações que não repara que o Afonso está a falar com ele. " Oh, pá, estás surdo? " protesta o Afonso " Ouve, queres ler este livro? " e mostra um livro com uma capa muito simples.  Diz apenas " Poemas" e quanto ao autor, o António não reconhece o nome. " Lê; vais gostar!" aconselha o Afonso, generoso e sem esperar resposta, de

ANTÓNIO SEDUZIDO

" Sedução... É o tema da aula de hoje!" diz a professora, sentindo a impaciência dos alunos É a última aula da manhã e é obrigatória.  " Porque, até mesmo os cientistas têm que saber escrever e interpretar um texto para explicarem claramente as suas teorias." explicou quando António a questionou sobre o assunto. " Não estará a fazer confusão com... sexo?" interrompe o António, pragmático. " Oh, António!" protesta o resto da classe e Afonso, que está sentado ao lado, dá-lhe uma palmada. " Não, não estou a falar de sexo. Estou a falar em seduzir, ser, sentir-se seduzido! O que vos seduz..." continua a professora, observando António, que sorri, trocista. " Eu continuo a achar que quer falar de sexo." insiste António e Afonso acrescenta: " É por isso que não tens sorte com as mulheres!" e a classe ri-se. A professora sorri e pensa numa maneira de chamar a atenção de António para o tema. Quando fala, sur

O SAPO CANTOR - PARTE VIII - O FIM

" Ainda bem! Fico contente que ele tenha encontrado um sítio para viver e para trabalhar!" confessa o Ancião quando soube " Fiquei muito preocupado quando lhe fiz o ultimato, mas o que é que eu podia fazer? Os outros moradores não se calavam..." suspirou. " Só espero que ele ganhe juízo e aproveite a oportunidade para trabalhar a voz, o espírito de equipa... Até atingir o topo!!! Porque estou certo de que o conseguirá!" afirmou o Professor. Os dois brindaram com um cálice de Vinho do Porto, convencidos de que ouviriam, um dia, falar do Sapo Cantor. Será que o Cantor vai realmente aproveitar a oportunidade que lhe é dada?  Claro que sim, mas essa é uma outra história.... FIM

O SAPO CANTOR - PARTE VII

" Meu caro Mestre, Não sei mesmo o que dizer...  Aconteceu tanta coisa desde que o deixei... Tenho medo que isto seja um sonho e um dia destes acorde para a realidade e o Mestre bem sabe qual é.  Não lhe posso descrever o meu estado de alma quando me obrigaram a deixar a Floresta e a entrar naquele comboio...  Agora compreendo como fui egoísta e arrogante ao ignorar os seus conselhos e os do Ancião e continuar com os meus espectáculos fora de horas... Espero que me perdoe um dia... Mas não falemos mais do que aconteceu, mas sim do momento presente. Fui convidado para fazer parte de uma Companhia de Ópera e o Mestre Damião, o Director Artístico, diz-me que o conhece bem. Claro que não vou ser o Tenor Principal; o Mestre tem toda a razão quando diz que sou precipitado, mas posso ser o substituto e o Mestre Damião prometeu que poderia, no entretanto, desempenhar pequenos papéis. Espero que seja já na primeira ópera da próxima temporada e se assim for, vou convidá-lo

O SAPO CANTOR - PARTE VI

O sapo corou e pensou: " Fui novamente precipitado! O professor tinha razão: falo antes de pensar!"  Mas o Director não se importou com isso, pois continuou a expor a ideia: " Não, não, como tenor substituto. Terás pequenos papeis na ópera, podes mesmo trabalhar no coro e se for necessário, desempenharás o papel principal. Que achas?" " Acho que é uma boa oportunidade!" acrescentou o Maestro " Claro que compreendemos que queiras discutir o assunto com o teu professor..." " Não, tenho a certeza de que ele concordaria! A resposta é sim!!! Quando começo?" atalhou o Cantor, encantado com a oportunidade. O Director levantou-se e apertou-lhe a mão: " Bem-vindo! O Maestro ajuda-te a resolver os aspectos práticos."  e saiu calmamente do Hotel. O Maestro sorriu-lhe e pousou-lhe a mão no ombro. " Amanhã, discutimos todos os aspectos relacionados com o teu contrato, etc.  Agora, vai jantar, descansar. Talvez falar com

O SAPO CANTOR - PARTE V

O Maestro disse-lhe que falaria com ele dentro de um ou dois dias e o Sapo Cantor ficou alojado no mesmo Hotel que a Companhia. Entretanto, alguns membros da Companhia desafiaram-no a ir até ao Spa da Lagoa e ele passou uma tarde relaxada, a fazer sauna e uma massagem com pedras quentes. Nessa tarde, quando chegaram ao Hotel, o Maestro estava no átrio à espera dele e na poltrona ao lado, estava sentado um outro sapo, elegantemente vestido. " Olá, este é o Mestre Damião, o nosso Director Artístico." apresentou o Maestro. Os outros cantores cumprimentaram o Mestre e desculpando-se, apressaram-se a subir para os respectivos quartos. O Cantor, obedecendo ao gesto do Maestro, sentou-se. O Mestre Damião ofereceu-lhe um cigarro, que ele declinou e fez-lhe umas perguntas sobre o s estudos, os professores , o s espectáculos onde tinha participado . Satisfeito com as respostas, prosseguiu: " Temos uma proposta para ti e tenho a certeza de que o teu professor te aco

O SAPO CANTOR - PARTE IV

Alguém riu e o sapo ficou atrapalhado.  " Então?" insistiu o outro e o sapo cantor abriu a boca para dizer o nome da área favorita. Mas começou a cantá-la.... Ouviu um ah de espanto na assistência e uma voz a acompanhá-lo. E entrou outra... E outra... Mais uma e o coro ficou completo... Quando a última nota soou docemente, o sapo apercebeu-se de que o silêncio no bar era absoluto.  O coro sorria-lhe e o outro sapo apertou-lhe a mão solenemente.  Foi então que os aplausos irromperam. O sapo cantor nem queria acreditar e agradeceu efusivamente, aos espectadores e ao coro. Passou o resto da noite no bar, a conversar com os membros da companhia. Pensou em lhes perguntar se podia seguir viagem com eles, mas não o fez. Mas foi isso o que o sapo maestro lhe perguntou. CONTINUA