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A mostrar mensagens de setembro, 2016

O SAPO CANTOR - PARTE III

" Silêncio!" impôs o Ancião " Ninguém vai fazer nada! Vamos ser civilizados e dar-lhe um prazo para se organizar... Caso não o faça, tomaremos as medidas necessárias!" acrescentou. E, eis porque, um mês passado o sapo cantor entrou de malas e bagagens num comboio a caminho do Leste. Talvez por lá os sapos apreciem mais o belo canto, pensou. Infeliz, foi até à carruagem bar. Ao abrir a porta, quase ensurdeceu com o barulho. O bar estava cheio de gente, uns a beberem, outros a cantarem.  E são árias de ópera, registrou o sapo ao aproximar-se a custo do balcão. " Um chá, se faz o favor." pediu " O que se passa aqui?" perguntou ao empregado. " É uma companhia de ópera itinerante e para animar a viagem, cantam as áreas favoritas dos outros passageiros." explicou o empregado, servindo-lhe o chá. A ária terminou e o sapo aplaudiu como os demais, gritando: "Bravo!" O cantor agradeceu e sorridente, perguntou-lhe: "

O SAPO CANTOR - PARTE II

O professor abanou a cabeça e suspirou: " Nem os meus conselhos sobre o canto ele quer ouvir! Achas mesmo que posso discutir esse assunto com ele? Já se queixa de ser um incompreendido; imagina se lhe digo que os vizinhos estão fartos dele!"  " Então, falo eu com ele! Temos que resolver isto; caso contrário, teremos um motim em mãos!" decidiu o Ancião. Mas, tal como o professor o avisou, o sapo cantor recusou-se a ouvi-lo e repetiu: " Sou um incompreendido! Estou rodeado de ignorantes que não sabem o que é a arte!" O Ancião zangou-se e repreendeu-o: " Não é nada disso! Apenas não querem que cantes à noite ! Aluga um estúdio; trabalha lá e descansa em casa!!!" explicou. Saiu, exasperado com a teimosia do cantor e sem saber o que dizer aos outros sapos. Estes esperavam-no no gabinete e o Ancião não esteve com rodeios. Contou tudo. Os outros sapos ficaram furiosos e a discussão foi violenta. " Ele é que é um ignorante! E in

O SAPO CANTOR

Esta é a história...                    De um sapo que queria ser cantor de ópera.                      Estudava noite e dia para grande aborrecimento dos vizinhos. " Porque é que não trabalhas num estúdio?" perguntavam-lhe. O sapo prometia que assim faria, mas depois esquecia-se e na noite seguinte, os vizinhos acordavam sobressaltados com a sua voz potente. " Isto não pode continuar!" disseram ao Ancião naquela manhã " Isto tem que ficar resolvido de uma maneira ou outra! Se ele não se calar, somos até capazes de lhe incendiar a casa!" ameaçaram. O Ancião resolveu falar primeiro com o professor de canto. Queria saber o que ele pensava, até porque conhecia bem o cantor e talvez soubesse como o poderiam convencer a mudar de comportamento. Este ouviu-o educadamente, mas, quando o Ancião terminou, abanou a cabeça. " Impossível! Está tão obcecado pelo canto; quer tanto ser o maior tenor do Mundo que não escuta ninguém!"  lamentou-se.

A EMPRESA - PARTE IX

O Bernardo confessa tudo e pede-nos para não contactarmos a polícia. Não o fazemos, mas  comunicamos ao Instituto de Emprego que, embora o trabalho fosse satisfatório, o Bernardo não continuaria o estágio na Empresa por "não se enquadrar na nossa política".  Como lhe disse o Jaime quando se inteirou da situação: " Todos merecemos uma segunda oportunidade. Vê lá não estragues a próxima; podes não encontrar pessoas tão compreensivas !" frisa. A Ana tenta localizar o Jorge, mas ele não atende o telemóvel. A Master D apenas nos diz que ele aceitou um outro estágio e considera o assunto encerrado. A vida volta ao normal... Ou não, pois sinto-me um pouco culpada por tudo o que se passou e a minha relação com a Ana e a Carolina está diferente. Noto uma certa distância a nível pessoal, pois ambas continuam a cumprir as funções atribuídas de forma eficiente e dedicada. Mas há sempre um "mas".   Recebo uma notificação do Tribunal para me apresentar ho

A EMPRESA - PARTE VIII

" O que se passa, Augusto?" pergunto aborrecida com a interrupção, mas o Augusto nem me ouve, tão exaltado está. " Apanhei este idiota a esconder umas garrafas de vinho no carro dele! E não é a primeira vez!"  Para para respirar e continua: " Num evento, não sei se há 3, 4 semanas, faltaram umas garrafas de vinho e quando o confrontei sobre o assunto, pois ele era o responsável pelo vinho, teve o desplante de insinuar que teria sido a equipa de limpeza a tirá-las!"  " A equipa de limpeza? " repete a Ana " Mas eles trabalham connosco há anos!" " Pois, eu não gostei e comecei a vigiá-lo para ter provas. E, hoje, apanhei-o!" e dá um encontrão ao Bernardo, que está muito pálido. A Carolina também está pálida e quando olha para mim, não gosto do que vejo. Censura-me e não deixa de ter razão. Mordo o lábio e não respondo quando o Augusto pergunta: " O que vamos fazer? Chamar a polícia? " " Não! Não faça

A EMPRESA - PARTE VII

O Jorge entra sozinho, pois, segundo diz, o Bernardo está numa reunião de trabalho. Aguarda educadamente que eu fale. Exponho-lhe a situação e pergunto-lhe se tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. A Ana e a Carolina tentam ler-lhe a expressão, mas ele é enigmático.  Estão ansiosas, preocupadas, mas não dizem nada. " Então? " insisto e a resposta chega calma, educada. " Se me está a perguntar se eu tirei alguma coisa da casa dos clientes, a resposta é não. Nunca faria isso; sempre me disseram que, se quero ser respeitado, tenho primeiro que respeitar os outros." e sorri levemente. As minhas assistentes respiram de alivio, mas eu pergunto novamente: " Tem a certeza? " e a postura do Jorge muda.  O corpo fica hirto, tenso e os olhos parecem de aço, mas continua a falar calma, educadamente: " Eu disse que não tirei nada da casa dos clientes. Nunca faria isso! Nunca!" frisa. Começo a ficar desconfortável e não me atrevo a enc

A EMPRESA - PARTE VI

" Não, não acredito, Mena. Os dois são muito bons e eu e a Ana até vamos recomendar que um deles fique depois do estágio." confidencia a Carolina. Contudo, a Ana, que entra nesse momento, interrompe-a: " Olha que não sei se será boa ideia, Carolina. Estive ao telefone com a D Margarida Santarém e ela perguntou-me uma coisa muito estranha." comenta, sentando-se no sofá ao lado da Carolina. Inclino-me para a frente e incentivo-a a falar:  " Anda lá, conta tudo; não escondas nada!" peço . A Ana respira fundo e continua: " Perguntou-me se tinha plena confiança nas pessoas que estiveram presentes no jantar que ofereceu há uma semana. "Desapareceu" um telemóvel de um dos convidados e encontraram vazia a carteira de um outro. A D Margarida pediu imensa desculpa por estar a questionar isso, mas nunca aconteceu tal coisa nos outros jantares que nós lhe organizamos. Não sei o que pensar!" confessa. " Quem estava presente? "

A EMPRESA - PARTE V

" Espero bem que sim! Que isto não se repita ou o estágio acaba de imediato!" concluo. Os dois rapazes murmuram uma desculpa e afastam-se.  "Amanhã, terei que discutir o assunto com a Ana." penso " Talvez seja melhor avisar a Carolina." mas o telemóvel toca e saio a correr para resolver uma crise num outro evento. Quando falo com a Ana, esta mostra-se surpreendida. " Oh, Mena, é muito estranho! Os dois são muito bons - empenhados, criativos. Se bem que o Bernardo seja um pouco, digamos, vistoso... Mas os clientes gostam dele." acrescenta. " De qualquer maneira, está atenta. Há qualquer coisa que não está a funcionar entre eles e isso pode ser prejudicial para a empresa." opino. A Ana promete e, como não diz nada nos dias seguintes, acho que foi um episódio isolado. Mas, nessa tarde, a Carolina entra no meu gabinete, um pouco agitada, pois recebeu um telefonema estranho de uma cliente. " Perguntou-me se alguém tinha

A EMPRESA - PARTE IV

" Não faças de mim parvo! Sei muito bem que foste tu!" grita um. " Cala-te! Não sabes o que dizes!!! Não te admito que duvides de mim, estás a entender?"  contesta o outro. Abro a porta e os dois rapazes calam-se de imediato.   Estão os dois de fato completo e camisa branca, como é norma da empresa. Um é alto, sardento e com cabelo ruivo e escolheu uma gravata azul clara. O outro é mais baixo, um pouco pesado, com uns olhos azuis brilhantes que cativam a atenção. É este que me sorri e pergunta delicadamente: " Bom dia, posso ajudar?" . O outro fica calado e cruza as mãos. Cora ligeiramente e nota-se que não está à vontade. " Bom dia. Chamo-me Mena Peres e gostaria de saber o que se passa aqui. Não sei se a Ana, a minha assistente... "  continuo, observando-os cuidadosamente " explicou, mas tenho regras bem definidas relativamente ao comportamento e uma discussão num local como este está fora de questão."  " Ah, D Mena,

A EMPRESA - PARTE III

Talvez seja o sucesso a subir-me à cabeça...  Mudo de instalações, contrato mais assistentes e negocio novas parcerias. A empresa ganha alguns prêmios e até aceito organizar workshops. Dado o volume de trabalho previsto para Julho e Agosto, a Ana, uma das minhas assistentes, convence-me a contratar dois estagiários. "Para fazerem o trabalho mais banal..." explica-me e, como concordo, ela diz que vai contactar o IEFP e outras instituições. Duas semanas depois, temos dois rapazes a trabalharem na empresa . Devem ter cerca de 22, 23 anos. São discretos e bem-educados e a Ana segreda-me que um deles está desempregado e o outro está a acabar um dos Cursos organizados pela Master D. " Ok, confio em ti. Mas és a responsável por eles." acrescento e não penso mais no assunto até àquele dia em que os surpreendo a discutir. É um almoço de negócios com uma ementa simples. Resolvo passar por lá para ver se não há falhas. São clientes antigos; merecem o melhor.