Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2016

ZÉLIA - PARTE IV

Foi para evitar este tipo de preocupações que mudei legalmente de nome e tentei construir uma carreira à margem das ilegalidades. Tento concentrar-me no projecto que tenho que entregar até ao fim da semana. Não é fácil, mas a complexidade do trabalho exige toda a minha atenção e em breve esqueço a visita do meu irmão. Pago a multa, prometo solenemente não lhe emprestar o carro novamente e sigo com a minha vida. Estou no meio de uma reunião importante quando o telemóvel toca. Não atendo, mas a pessoa insiste e o ambiente fica desconfortável. " Talvez se possa fazer uma pausa para um café?  10 minutos?" sugere a minha assistente e levanta-se. Os outros imitam-na e fico sozinha na sala. O telemóvel toca mais uma vez e pergunto irritada: " O que se passa?" e sou imediatamente repreendida pela minha Mãe. " Não estás a falar com um dos teus empregados, Maria Teresa!" recusa-se a chamar-me Zélia.  " O teu nome é Maria Teresa; fui eu quem o e

ZÉLIA - PARTE III

" Tens que pagar a multa, não é? " diz, hesitante, o Machado " Eu tenho que " desaparecer" por uns dias..." " Desaparecer??? Porquê?" pergunto, mas é realmente melhor não saber os pormenores. Por isso, não insisto. O meu irmão levanta-se e recomenda: " Disse à Mãe que ia para o estrangeiro e que não tinha data para voltar. Está aqui o número onde me podes contactar, mas não lho dês!" Olho-o fixamente, penso em fazer mais perguntas, mas parece que o Machado me lê o pensamento, pois abana a cabeça e saí. O telefone toca, mas eu não atendo. Agora, estou preocupada. O que terá feito para ter que "desaparecer" por uns dias? E não dar o número à Mãe? Decerto é suspeito numa investigação qualquer e não quer que interroguem a Mãe. " Bolas! Porque é que não fazes nada direito, pá?" grito para o ar. ( CONTINUA)

ZÉLIA - PARTE II

" OH, T...." diz alto " Cala-te, imbecil e fecha a porta!" ordeno e quando ele se senta na poltrona em frente da secretária, sussurro, irritada:" Não sabes que aqui o meu nome é Zélia e ninguém sabe que és meu irmão?" O Machado acena afirmativamente e mais calma, pergunto: " O que se passa? Diz lá..." e o meu irmão tira um papel do bolso que me entrega solenemente. " O que é isto? Uma multa e com o meu carro???" e como o Machado não responde, peço uma explicação detalhada. O meu irmão acende um cigarro, sem pedir licença e demora uns minutos a explicar-se. " Pois, levei a Mãe ao médico e como estava demorado, fui levantar um "pacote"..." " Imbecil!" repito " Foste com o meu carro tratar dos teus negócios "escuros"? Sabes quanto tempo levei até chegar aqui?" mas o Machado apenas sorri. Tenho vontade de o esbofetear... Não o entendo; já desisti de o entender e não sei quan

ZÉLIA

Porquê Zélia e não o meu nome de baptismo? Zélia é mais exótico, mais enigmático... Perfeito para o negócio... Sei muito bem que, nas minhas costas, chamam-me " A Maldita", porque sou inflexível, exigente.   Mas cumpro sempre os prazos, os termos discutidos e tenho o respeito de todos. Se tenho um lado negro... não falo muito nisso... Desde que não interfira na vida profissional... não há razões para o expor... Até àquele dia em que o Machado entra, armado em dandy, no meu gabinete. ( CONTINUA)

A PAIXÃO DE LEANDRO - FIM

" Tem a certeza que a matrícula é esta, chefe?" questiona o Bernardes. " Absoluta! Porquê? O que se passa?" pergunta o inspector. " Não me é estranha. Onde é que vi isso?" comenta o sargento " Ah, bem sabia que a tinha visto! Segundo o relatório do Torcato, o carro com essa matrícula pertence ao consórcio que estamos a investigar. É utilizado pelos ditos membros da Administração. Isto é interessante...." e Leandro ouve papéis a serem mexidos e alguma coisa a cair ao chão. " Então?" diz o inspector, impaciente. " A presidente do tal consórcio é uma mulher. Chama-se Zélia, Zélia Soutelo, mais conhecida pela " Maldita"." informa o Bernardes " Está-me a ouvir, chefe?" insiste quando o Leandro não responde. Mas Leandro não pode responder. Na porta da sala, completamente vestida e com uma arma na mão, aparece a mulher que lhe enche os sonhos. " É melhor desligar, Inspector." pede com um sor

A PAIXÃO DE LEANDRO - PARTE V

Quando volta para o apartamento, tenta ligar para o Bernardes. Mas dá sinal de interrompido e Leandro considera telefonar para o Torcato. " Não, é melhor que seja o Bernardes. Melhor não alarmar a equipa para já!" diz em voz alto. Tocam à porta e o inspector abr e.   É a Zélia . Está deslumbrante com o cabelo preto apanhado e um vestido branco solto que escorrega rapidamente pelo corpo no calor do bei jo que trocam . Zélia fecha os olhos , deliciada e Leandro beija-a novamente. Pega-lhe na mão para a levar para o quarto, mas o telemóvel toca nesse momento. O inspe ctor suspira e desculpa-se : " Tenho que atender; pode ser o Bernardes!" " Não tem importância! Desde que não te peçam para ires...." e, apanhando o v estido do chão , des a parece no corredor. Leandro espera uns segundo e quando atende, é ríspido .   " Bem sei que lhe pedi para me ligar, Bernardes, mas podia ter demorado mais um bocado." " Oh, che fe

A PAIXÃO DE LEANDRO - PARTE IV

Mas, volvidos dois meses, Leandro já tinha encontrado o equilíbrio entre a vida profissional e amorosa, Está feliz, mais relaxado e não é de admirar o sorriso radiante quando atende o telefonema da Zélia naquele domingo. " O que faço? Estou um mandrião; ainda nem tomei banho!" confessa " Encontramo-nos para almoçar?... Cá em casa? Mas não tenho nada...." protesta. Zélia ri-se e propõe: " Vamos fazer um almoço tipo piquenique.... Há uma loja gourmet aqui perto; não te preocupes.  Eu levo, mas tu tratas do vinho. E tem que ser bom!" remata. Leandro ri-se e desligam poucos minutos depois. O inspector dá um jeito à sala, limpa a cozinha e depois de um chuveiro, apressa-se a sair. Parado à porta do prédio, está um carro preto.  Leandro acha estranho, pois a rua está deserta, tanto de pessoas como de carros, mas expulsa o assunto da mente. Mas alguém põe o motor a funcionar e uns segundos mais tarde, Leandro ouve o carro a deslizar. Continua a a

A PAIXÃO DE LEANDRO - PARTE III

O jantar tinha sido um sucesso. Ela escolheu um restaurante discreto e demonstrou ser uma mulher afável,inteligente, culta, qualidades que o Leandro muito apreciava. No sábado seguinte, foram passar o dia fora e no domingo, ao cinema. Jantar uma ou duas vezes por semana tornou-se um hábito e quando ela sugeriu passarem um fim de semana num Hotel, Leandro anuiu. Mostrou-se um pouco nervoso e confessou-lhe que há muito tempo que não estava com uma mulher. Ela riu-se e perguntou, brincalhona: " Refere-se a sexo?".   Leandro riu-se também e correspondeu ao beijo que ela lhe exigiu. Naquela segunda feira, Leandro estava nas nuvens e entrou tão sorridente no gabinete que o Bernardes não se conteve e comentou: " O Chefe teve companhia este fim de semana. E ela deve ser...." " Não interessa se tive ou não companhia, Bernardes!" interrompeu o inspector " O relatório que lhe pedi? Já devia estar na minha mesa..." Com um " Desculpe

A PAIXÃO DE LEANDRO - PARTE II

Tinham-se conhecido no hall do Tribunal. Ela parecia perdida, indefesa e quando lhe perguntou onde era a Secção VI numa voz baixa e doce, Leandro não se limitou a apontar o caminho; acompanhou-a até lá. Ela agradeceu-lhe com um sorriso aberto e um olhar tão sexy que Leandro ficou sem respirar uns segundos. Não pensou mais no assunto até receber uma planta e um cartão que dizia simplesmente: " Obrigada pela ajuda.Telefone-me.  91xxxxxxx Zélia " O Bernardes e o Torcato gozaram quando o viram com a planta, mas Leandro ignorou-os, pois não se lembrava de ter dado um cartão de visitas a uma mulher com aquele nome.  Mas ficou curioso e para grande desilusão do Bernardes e do Torcato, fechou a porta do gabinete e marcou o número. Quando ela respondeu, o inspector reconheceu aquela voz baixa e doce e sem saber bem como, convidou-a para jantar  naquela noite. Quando desligou, Leandro, divorciado e sem uma amiga especial há tanto tempo, deu por si a assobiar baixinho

A PAIXÃO DO INSPECTOR

Alguém descuida-se e a porta do prédio bate com força.   Leandro acorda sobressaltado e olha para o relógio. " Bolas! São 08 horas e é domingo!" resmunga, mas está Sol e as pessoas querem aproveitar o dia na praia. Resignado, levanta-se e decide tomar o pequeno almoço na varanda.  Hoje, não quer ler o jornal; está deprimido demais.  A investigação está num impasse; há novas pistas, mas Leandro acha que o resultado vai ser o mesmo. Zero! Suspira, contrariado e está quase a telefonar ao Sargento Bernardes para lhe pedir que confirme uns dados quando o telemóvel toca. " Estou?" e ao reconhecer a voz, sorri como um adolescente. ( CONTINUA)

ANTÓNIO SEDUZIDO - O FIM

E, no poema que escreva, fala sobre as palavras.... As palavras que o seduziram... A voz que começa a escutar... Mesmo quando resolve uma equação... Ou explica um gráfico... Talvez agora não tenha tão certeza do que o Mundo lhe quer revelar, diz... Confessa-se admirado por ter dúvidas... Põe a alma a nu... Quando se senta, um pouco envergonhado, nada o prepara para a salva de palmas que enche a sala. O Afonso grita: " Eh, pá! Quem diria que escreverias um poema tão forte?" Mas António só olha para a professora e esta sorri... Como se nunca tivesse duvidado de que e le conseguiria escrever um poema... António ainda pensa e m dizer uma piada...   M as agora que as palavras são tão preciosas... s eria perdê-las novamente....   FIM   P.S .: Aceito sugestões para o próximo conto... A frase poderá ser a habitual: " Era uma vez...."