ANTÓNIO SEDUZIDO - PARTE II


" Não vai ser fácil; vai sair da zona de conforto dele, mas é exactamente isso que eu quero." admite a professora mais tarde na sala dos professores.

" Espero que tenhas razão. Como matemático,  o António é brilhante!" duvida a responsável pelo Departamento de Ciências Matemáticas.

O António pensa exactamente nisso. Talvez devesse tratar o poema como uma fórmula matemática... Uma equação linear... Ou uma estatística!

" Ai, que a Dra quer que eu enlouqueça!" queixa-se " Mas eu gosto de um bom desafio; também vou resolver este!" considera.

Tão embrenhado está nestas considerações que não repara que o Afonso está a falar com ele.

" Oh, pá, estás surdo? " protesta o Afonso " Ouve, queres ler este livro? " e mostra um livro com uma capa muito simples. 

Diz apenas " Poemas" e quanto ao autor, o António não reconhece o nome.

" Lê; vais gostar!" aconselha o Afonso, generoso e sem esperar resposta, desaparece num dos corredores.

O futuro matemático ainda abre a boca para dizer uma piada, mas está tão surpreendido com o gesto que não consegue falar.

Fita o livro como se este fosse um animal nojento e acha que o Afonso está tão doido como a professora.

Mas o livro abre-se e os olhos de António não resistem...

CONTINUA


 

Comentários

Sofá Amarelo disse…
A melhor Poesia é a poesia simples, e se eu pegasse num livro que só dissesse 'Poemas' teria muito curiosidade também em abri-lo e folhear, quiçá deter-me nalgumas palavras, nalgumas estrofes ou nalgumas rimas... o poema está em conseguir fazer com que os outros sintam a poesia, mesmo que mostrem relutância no princípio...
Graça Pires disse…
Quem dera que as pessoas lessem poesia. Mas está cada vez mais difícil...
Um beijo, Marta.

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