EI-LOS QUE PARTEM




Ei-los que partem...
Sem um olhar....
Se olharem, a partida será ainda mais dolorosa, porque os rostos dos que ficam reflectem a mesma dor, a mesma angústia.
E pensa-se: que País é este que deixa fugir quem o ama tanto?
É esse o grito mudo de quem parte, de quem fica amarrado a uma saudade que nunca desaparecerá...
Essa saudade que ninguém compreende, porque se entranha, profunda, na alma, no coração.
Ah, que bom seria dizer: “Não partas!”, prometer soluções que, depois se transformam em pó e ouvir na voz uma revolta surda e verdadeira...
Mas partir na incerteza, com apenas promessas?
Dói...
Como dói! Como torna os dias e as noites amargos! Como destrói o olhar e o sorriso!
Porque cada dia é um sobressalto, cada noite uma angústia...
E o silêncio é um pesadelo...
Esquecem-se os prazeres, vive-se com as promessas...
De um telefonema, de um e-mail, de uma conversa via Skype...
Falta o toque, o beijo, o abraço... o calor humano...
Por isso, respondam-me...
Porque alguém deve saber a razão porque este País ignora as vontades do seu povo....

A minha resposta ao desafio proposto pela Editora Papel d'Arroz sobre a partida.



Comentários

Sofá Amarelo disse…
Este texto resume décadas de um país (infelizmente) real e nestas palavras está contida a parte política, a parte social, cultural, económica, emocional... um texto e um cenário actual... e que não se sabe quando o deixará de o ser...
Ailime disse…
Boa tarde Marta,
Não conhecia esta sua Página e logo dei com uma tema que me deixa os olhos rasos de água!
Sei do que fala!
Um dos meus filhos está noutro continente, para onde partiu já há alguns anos pois logo novinho constatou que este Pais não o merecia!
A saudade, neste dias e quase sempre dói tanto!
Beijinhos!
Santa Páscoa para si e sua Família,
Beijinhos,
Ailime
(A abordagem do tema está perfeita)

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