CARTA III - O INVERSO


Já sei...

Já sei que não vens......

Mesmo antes de me entregarem este patético pedaço de papel...

De fotocópia, cortado toscamente, sem alma.....
Eu já sabia....

Nem olhei para a cara do empregado...

Sei que, no seu olhar, leria troça, desprezo, pena........

Talvez seja isso que eu mereça.........

Pelas horas que aqui passei, à tua espera.......

E, quando te dignavas a aparecer, eras arrogante e malcriado...........

Para mim...

Nunca para os outros.....

Agora, tudo acabou.....

Fria, cruel, dolorosamente...

Para mim........novamente.....

Tu??

Já nem te lembras do que aqui escreveste......

e estás, por aí, algures,

feliz, despreocupado,

a gozar a vida que,

dizes tu,

muito a sério eu levo...................

Comentários

Teresa David disse…
O teu poema pareceu-se demasiado real para ser ficção, e se assim fôr, só poderei dizer. Ainda mexe?
Deita esse sentir no lixo dos maus momentos!
Bjs
TD
angel bar disse…
Boa Semana, a gozar a vida que muito a sério se leva....................
Um beijinho.
o alquimista disse…
Ora vai pelo outro caminho...tu és imensa...linda...!

Doce beijo
Chellot disse…
Mesmo que não venhas siga teu caminho sem mágoas. Viva mais para si.

Beijos de vida.
Teresa David disse…
Só tem desiluções quem se deixa iludir! Tens de descer mais á terra, pois o Mundo está longe de ser perfeito e as pessoas ainda mais. Tenta ser feliz e estar sempre vigilante que assim evitarás embates destes.
Bjs
TD
Borboleta disse…
:) oi querida martinha..se ele não se lembra..o universo ainda se recorda...

Vi na ficção uns fragmentos de realidade...mas tu és grande...mereces ser lembrada...

jinhos
Alexandre disse…
«Às vezes chegam cartas... com sabor amargo... com sabor a lágrima...» (de uma canção de paulo de carvalho)

Forte, dura, incisiva... tal como deve ser quando os outros nos magoam, quando fragmentam os nossos sonhos, as nossas expectativas... nessas alturas não nos podemos calar, não podemos voltar a dobrar a carta e a colocá-la dentro do envelope, temos que abri-la a toda a folha, estendê-la e dissecá-la... seja com desprezo, seja com pena, seja cruelmente, seja dolorosamente... há dores que têm que se exorcizar... acho que conseguiste!!!

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