ÁGUA NO DESERTO
Hoje, lembrei-me da Tia Maria.
A tia Maria morreu há 3 anos e se me pedirem para a descrever, não consigo.
A tia Maria morreu há 3 anos e se me pedirem para a descrever, não consigo.
A única coisa de que me lembro é a generosidade e a grandeza do seu coração.
A alegria com que se agarrava à vida, que a castigou bastante, mas que depois a recompensou e o carinho que distribuía indiscriminadamente.
A última vez que a vi foi num almoço de domingo, em casa dela.
Lembro-me que barafustei por me ter que levantar cedo e pouco comi do abundante almoço que foi servido.
Eu ainda não sabia, mas já um bichinho reles, sem escrúpulos e malcriado se tinha infiltrado no meu corpo e atacava sem dó e piedade as minhas defesas, que sucumbiram.
Adoeci gravemente, lutei corajosamente para recuperar a minha vida e a Tia Maria não descansava, com os seus telefonemas diários e os seus terços.
Não a voltei a ver com vida, pois quando recuperei, já o coração da Tia Maria dava sinais de que algo ia mal e um dia, ela morreu em paz.
Não sinto remorsos por não a ter visto mais com vida; e tenho a certeza de que se ela estivesse agora aqui, me daria um abraço e diria:
“Tudo se resolve na vida, minha filha. Deus recompensa-nos de uma maneira ou outra” e oferecia-me um lanche digno de rei – a resposta típica da sua generosidade e bondade.
Encontrei a citação perfeita para descrever a Tia Maria:
“Na vida, o amigo é como a água no deserto!”
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