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A mostrar mensagens de setembro, 2005

HONESTO

O que fazer quando alguém é tão honesto? Directo, com um reflexo perfeito no espelho – não há fumo que distorça a figura e sobretudo, os olhos. Têm uma expressão franca, um pouco trocista até, mas não escondem a verdade do que dizem e do que sentem. A única coisa a fazer é aceitar o que nos podem dar e esconder que queremos mais que a simples amizade. Isso implica um grande esforço da nossa parte, pois divide-nos e não é fácil esconder no “sótão” sentimentos diferentes dos que temos que demonstrar. E aceitamos, porque, como gostamos verdadeiramente da pessoa em questão, não queremos destruir a amizade sólida que é a base da nossa relação. Sinto-me que atravessei, inadvertidamente a linha e é por isso que há agora uma certa distância. Foi, por isso que aceitaste, mas não retribuíste o meu abraço e o meu beijo! Vou seguir as tuas directrizes – porque prezo e muito a tua amizade – mas continuo a acreditar que um beijo é um beijo e o que eu te queria dar era apenas um bei

CAVALO DE TRÓIA

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O meu passeio pelas nuvens continua a ser muito agradável, mas não é real! Sei que assim é, mas continuo a iludir-me! No fundo, sei que me refugio nas nuvens, porque me sinto como a Helena de Tróia. Usada como desculpa para uma guerra que não é minha, enganada porque há segredos que não são partilhados, um destino incerto, à mercê de quem é mais forte! Procuro respostas nos jornais, falo com amigos e só fico com promessas. Escondo angústias; não mostro o quão preocupada estou e dou azo a más interpretações. Porque há amigos com letra A e outros que não merecem tal título! E nunca se sabe onde o meu Cavalo de Tróia estará escondido. Já tive um Cavalo de Tróia, mas não sei se desafiei novamente os Deuses e eles me preparam uma nova armadilha. Por isso, deixem-me passear, calmamente pelas nuvens – os Deuses avisar-me-ão quando devo descer à Terra e misturar-me novamente com a multidão! Com os bem-amados, os mal-amados e sem amor algum!

ESTRANHO

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Estranho a personagem do meu “pseudo romance” (às vezes escrevo páginas sem hesitação; outras, tudo me soa a oco e fico bloqueada) estar agora a pensar em “restaurar a estufa do Pai à sua antiga glória”. Pomposa frase que me soa a antigo, a fora de moda, mas é legítima! Talvez a ideia não seja muito original, mas apresento-a do meu ponto de vista! Talvez seja assim que eu veja a minha relação com o meu próprio Pai, com algumas diferenças! Apresento o Pai da minha personagem como um homem sério, caloroso, com interesses na vida e o meu é uma criança grande. Que na infância me divertia, mas na adolescência, juventude, e mesmo hoje, me exaspera, porque não me escuta. Posso descrever a nossa relação como distante, um pouco hostil talvez, porque há muito que deixamos de ter razões para falar. Tenho pena que assim seja, mas o meu Pai vive escondido num passado cheio de amarguras, tristezas, que eu não quero compartilhar, porque eu quero esquecer as minhas próprias amarguras e as minhas própr

CONSOLO

A palavra-chave de hoje é consolo. Porquê? Porque alguém me consolou – com palavras carinhosas, conselhos amigáveis, chamadas de atenção discretas e um remate final inesperado, inesquecível. Estou consolada, mas não convencida, porque à questão em si, não tive resposta. Não sei se porque a pessoa em causa não sabe ela própria a resposta; porque se encontra igualmente presa num labirinto tão complexo como o meu. Tal como eu, sente-se nervosa, insegura e como não tem certeza de nada, não quis alimentar uma esperança em que eu insisto em me agarrar. Todos nós temos a nossa maneira de encarar as coisas e não é segredo para quem aqui passa que eu tento sempre descobrir um lado positivo. Posso ser ingénua, ignorante, burra, o que me quiseram chamar, mas se perdermos a esperança, perdemos tudo. No entanto, vivendo nesta cidade tão linda, onde há um sentimento de união tão forte, porque é que eu continuo a chorar? Apesar de dizer que me sinto “consolada”? Por alguém que zela verdadeiramente pe

PASSEAR NAS OU COM AS NUVENS

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Ando a passear pelas nuvens. Literalmente e lembro-me que há um filme com esse título: “Um Passeio nas Nuvens ” Não vou contar a história; é mais uma história de amor – banal o tema, mas retratado com tanto calor, com tanta abnegação, porque aquele homem, ao apaixonar-se profundamente por aquela mulher, aceitou incondicionalmente a gravidez dela, o filho do outro homem que a abandonou. Aquela criança ia ser muito amada e feliz, porque nem todos os pais se amam assim. Incondicionalmente ! Amam a criança sim, mas podem não amar um ao outro; pode nem sequer haver amizade entre a mãe e/ou o pai dela! Sei que o meu passeio nas nuvens tem os dias contados; sei que, um destes dias, posso chocar com uma nuvem mais pesada, atormentada, dorida, negra que vai fragmentar a minha em mil pedaços. Sem regresso! Sem compaixão! Lenta ou repentinamente ! Mas, como já não estou verdadeiramente sozinha, vou reencontrar a minha auto-estima (que ficará abalada) nos meus projectos, nas minhas conversas com a

ALGO VAI MAL

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“ Algo vai mal no Reino da Dinamarca” (Hamlet ) Algo por aqui também vai mal, pois deixei de te ver e ao dizer isto, sinto que a nossa “wavelength” se quebrou. Deixamos de estar unidos; está a cavar-se um fosso e quando tento lembrar-me das tuas feições, só encontro sombras, uma silhueta mal desenhada. Nem me recordo mais da tua voz! Ou do teu riso! Só ouço o relógio a bater as horas, na torre da Igreja ou os passos miudinhos de quem vai acender a vela a Santo António. Creio que te deixei de ouvir quando passei a ser um objecto, uma “coisa” esquecida num banco de jardim e sabes?...nem um livro eu trato como uma “coisa”. Por isso, como faço sempre que me sinto desorientada, estou aqui a olhar para a estátua da “ Menina Nua da Praça ”, a tentar decifrar na expressão dela algum sinal, alguma resposta. Algo vai mal e eu não sei bem o quê….. Tu assim não me tratavas! O que mudou??? Porque, na tua presença, eu “florescia”, abria as minhas “pétalas” e brilhava ao sol!

COM FRIO

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As manhãs começam a estar frias e eu, friorenta, já fui buscar um casaco mais grosso. O vento, à minha frente faz rodopiar as folhas, como se me dissesse “Prepara-te, Marta! Vou começar a soprar com mais força e não te vou dar descanso.” Pouco me importa o vento; o que me preocupa é o frio e é por isso que hoje saio, relutante de casa. Estranho pensar que há alguns anos não me custava nada sair de casa para vir trabalhar! Como nós nos modificamos; como compreendemos e vemos as coisas doutra maneira; como aquelas pessoas, por quem tínhamos tanta consideração, desceram até ao último patamar da minha escada de vida. Estranha a sensação de que para essas pessoas, isto não passa de uma grande brincadeira; pouco lhes importa nós termos “investido” parte da nossa energia e dedicarmos tanto do nosso tempo para construirmos uma coisa a partir do nada! Nem um “obrigado”, nem uma explicação – somos tratados como se não existíssemos: como simples “zeros”! Numa das suas crónicas, Edson Athayde fala

ILUSÕES E TRISTEZAS

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Sopra-me o vento ao ouvido: O que é que esperavas? Abro os lábios, mas não consigo articular as palavras e o vento ri-se, dá-me o que passa por um beijo na f ace e desaparece. E até a “Menina Nua da Praça”, que pouco fala, diz numa voz fina, sem timbre, abanando a cabeça, reprovadora “ Oh, Marta, Marta .” Fico só, a conversar com o espelho que apenas me devolve a imagem de alguém triste, porque se iludiu novamente. Só que desta vez é diferente: não mendiguei – mantive a minha integridade intacta, mas não sei se me serve de consolo ! Talvez, agora com o beijo, a nossa história inacabada possa ter um final. Supõe-se que as pessoas aprendam alguma coisa; infelizmente, às vezes isso só acontece nas histórias – na vida é bem diferente! Agora que obtive resposta à pergunta que me atormentava, o tal “se” de que já falei, talvez eu esteja livre! Completamente! Afinal, sempre aprendi alguma coisa com a fantasia, com a expectativa que criei e que terminou com um beijo. Curioso os caminhos do co

UM BEIJO AO VENTO

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O tempo encontrou o vento e perguntou-lhe porque é que hoje, precisamente hoje que o sol brilha, ele soprava com tanta ferocidade. O vento não respondeu, apenas soltou uma rajada mais forte que atirou com o tempo contra a porta. Depois, escondeu-se, deixando o tempo a rir-se, porque não há refúgio possível para o vento. O vento e o tempo andam de mão dada; o que um destrói, o outro não devolve. O vento pode vir de Leste, de Sul, de Norte ou mesmo de Oeste. Pode soprar com rajadas de 170 Km/h, transformar-se num ciclone ou num furacão, mas depois acalma e há dias em que nos esquecemos dele. O tempo continua a contar, impiedoso, cruel, trocista, porque sabe que no fim será o vitorioso. O vento já me arrancou o beijo e o tempo apaga-o da minha memória, mas não antes de eu o saborear, de lembrar o toque suave dos lábios nos meus, das palavras de ternura no meu ouvido. Um beijo por que tanto esperei, que tanto me fez chorar e agora que o recebi, não sei o que pensar. Talvez o devesse ter re

DIA DE NEVOEIRO

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Às vezes, basta uma pequena palavra para que o dia seja diferente. Encontrei este pequeno poema da Sophia de Mello Breyner e devo confessar que não o entendi muito bem. Li, reli, desesperei-me, pensei que não havia salvação possível para mim, que tinha perdido a aptidão para ver além do que está escrito. E, no entanto é tão simples! Também eu estive à espera de alguém, que desapareceu da minha vida e nos dias de nevoeiro, penso que esse alguém surgirá, tal como o D Sebastião, por artes mágicas ou por eu o desejar tanto, do nada. Sophia diz no poema “o agoiro de uma fantástica vinda”; eu não posso, não quero mais do que o imediato. Tal como a Sophia sugere, eu vou até à praia e ver como nevoeiro começa lentamente a esconder o mar, a espalhar-se pela areia, escondendo as gaivotas e a humidade infiltrar-se no casaco! Hoje está um dia assim; estou presa no escritório, a obrigações e a deveres, mas a minha cabeça está lá, na praia, a tentar orientar-me pelos gritos estridentes das gaivotas

APRENDER COM AS CRIANÇAS

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Uma das personagens do livro que estou a ler diz que “ Um livro pode ser um tapete mágico ou uma máquina do tempo” e o comentário que a Dora me deixou no post anterior fala nisso. Devemos deixar a criança voar, abrir a mente, explicar-lhe que, além do prazer, o livro também pode ensinar. Eu aprendi muita coisa – encontrei nos livros um refúgio, uma fuga que deve existir, mas que deve ser controlada. Apesar das birras, dos choros, das zangas, uma criança completa-nos. Nunca esquecerei o meu sobrinho, de pé no sofá, com 2, 3 anos a fazer tiro ao alvo com os lápis de cor. Ou da neta duma amiga da Mãe, só com a camisolinha interior e uns collants amarelos e a “chucha” na boca a olhar para mim de esguelha e depois sair com uns passinhos vacilantes para se esconder. Adorava brincar às escondidas comigo! Posso não ser mãe, posso até não concordar com a maneira como as minhas amigas estão a educar os filhos, mas não me importo nada de me estender com eles no chão, fazer barricadas e lançar o

A HORA DAS CRIANÇAS

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O livro que acabei de ler, em Inglês chama-se “The Children’s Hour” e se tivesse que o traduzir, “A Hora das Crianças” é perfeitamente adequado. Podem pensar que é um livro de crianças, escrito a pensar nas crianças e de vez em quando, um adulto deve ler com muita atenção um livro desse género. Para poder comparar com as histórias da sua própria infância e poder pronunciar-se sobre o assunto. Para as poder escolher para os seus filhos e saber despertar-lhe o interesse para a leitura. Como se diz vulgarmente, muita gente fala de “cor” e diz os maiores disparates! Isto será assunto para outro post, porque é sobre o meu livro que eu quero. A vida naquela casa decorre lenta, tranquilamente, com longos passeios pela praia com os cães e à noite, a descoberta da Internet e dos Chat Rooms preenche as horas que guarda para si. Primeiro, Mina tratou da Mãe e agora tem a cargo a irmã, que sofreu um acidente de viação e está numa cadeira de rodas. Pode parecer um desperdício, mas não é! Porquê? Nã

VAMOS VOAR???

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Sempre a voar em círculos, cada vez mais baixo, a gaivota acaba por “fazer uma aterragem” forçada no jardim. Não fecha as asas, o bico está entreaberto e nos olhos lê-se desespero. Está confusa, está perdida – não sabe para que lado fica o mar e quero desesperadamente gritar-lhe que se sobrevoar aqueles telhados, encontrará o rio. Se seguir o rio, este levá-lo-á até ao mar e aí, encontrará um penhasco alto, onde poderá descansar da sua aventura por esta selva de betão. Mas a gaivota afasta-se, deixa-me sozinha e tudo o que eu lhe queria dizer era que, também aqui nesta selva de betão, nos perdemos, ficamos confusos e desesperamos. Por vezes, não voltamos a “sobrevoar” o mar – ficamos escravos do nosso desespero, da dor e da desilusão. Mas, nem tu nem eu vamos cair nessa armadilha que a vida pode preparar e juntas, vamos sempre sobrevoar o mar, deixar que ele nos restitua as forças e a moral! Vamos????