EM CONFLITO

Nada melhor que um biscoito de canela para saborear depois de beber o pingo.
Nem sempre o como, mas hoje apeteceu-me.
Ontem foi um dia difícil – tive que ir a casa à pressa, pois o enfermeiro que faz o penso à ferida que a minha Mãe tem na perna disse que esta estava inflamada e era melhor ser vista por um médico.
O meu lado rebelde gritou “Porque é que não nos deixam contratar alguém que esteja lá todo o dia, que ouça o que o enfermeiro tem para dizer e caso disso, chamava logo a ambulância para a levar ao Hospital?”
Mas não; insiste em estar sozinha e assusta-nos com telefonemas deste género – “Nem calculas o drama que está lá em casa” disse-me a minha irmã e acrescentou “Estou como o tolo no meio da ponte. Nem sei o que fazer!”
Eu também não; continuo a achar toda esta história muito estranha, mas quando tento argumentar, a resposta é “Já te contei tudo. Temos que aguardar.”
E, aqui estou eu, dividida entre o remorso, a culpa e a raiva!
Remorso,
porque talvez devesse ter ficado em casa.
O lado racional diz-me que ela não foi sozinha ao Hospital – a minha irmã quis ir e não se justificava, portanto a minha ida.
Culpa, porque, embora nada seja dito, leio censura nos olhos dos outros .
E lembrei-me que uma vez tu disseste-me que “muitas vezes, as pessoas falam do que não sabem”. E, com ou sem razão, vão continuar a falar do que não lhes diz respeito.
Por isso, porque é que me estou a sentir culpada?
Raiva, porque a situação está controlada; está medicada; mudaram o tratamento.
Acho que o enfermeiro assustou-a e devia ter aconselhado calma. Talvez ele tenha falado com pouca diplomacia; são pessoas de idade e tudo que saia fora da rotina é um drama.

Aliás, para a minha Mãe tudo sempre foi, é e será um drama!
Cansa-me brutalmente, até porque sinto que às vezes reajo assim e entro em conflito comigo mesmo para contrariar esse lado negativo!
Acreditem - não é nada fácil!

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