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O SEGREDO PARTE II

  O almoço é abundante, a Mãe fez as sobremesas favoritas de toda a gente, a Filipa diz que é um exagero, mas adora a ideia de levar vários tupperwares com as sobras, vou ter comida para a semana inteira! diz. Há muito barulho, muitos risos, há muito a contar e o ambiente fica muito sério quando o Matias diz que a proposta de emprego é boa demais para recusar. Mas ires para o Dubai??? nota-se que a Mãe está apreensiva e o Matias aperta-lhe a mão, as condições de trabalho são óptimas, o ordenado também, repete, e espero, volta-se para o resto da família, que me visitem. Eu vou ser o primeiro, grita o Edgar, vou tirar uma semana de férias e posso ajudar-te na mudança! A tua casa vai ter piscina? pergunta o Amadeu e a Filipa dá-lhe um safanão, nem penses que vais ao Dubai sozinho! Claro que não, responde o Amadeu, vamos todos e o Matias fica um pouco alarmado, não sei se será uma boa ideia para já, explica, deixa-me organizar a vida primeiro!!! e todos riem. Achas que é uma boa ideia? que

O SEGREDO

  Quem diria? Após estes anos todos, eu e o Gonçalo descobrimos que não podemos viver um sem o outro. Por isso é que as nossas relações não funcionaram, diz o Gonçalo após aquela primeira noite de paixão, é que faz todo o sentido... Pois, sempre que as coisas correm mal, a primeira pessoa em quem penso és tu, concordo, não é a minha Mãe nem nenhum dos meus irmãos e nota que tenho uma família excepcional. Também a minha, interrompe o Gonçalo, mas contigo consigo falar de tudo sem filtros. Rio, aperto-lhe a mão, estamos numa esplanada a apreciar o fim da tarde à beira rio, e agora o que acontece? pergunto, contamos? O Gonçalo abana a cabeça, não, ainda não, vamos usufruir o segredo e beija-me carinhosamente. Ficas lá em casa esta noite? questiona, mas eu abano a cabeça, é melhor não, prometi jantar com a Mãe e passar lá a noite. Telefono-te amanhã e combinamos qualquer coisa? Despedimos-nos na estação de metro, se nota alguma coisa de diferente em mim, a Mãe não diz nada e a noite é agra

O PROBLEMA DO GONÇALO FIM

  Os miúdos ficam calados, não insisto e tento organizar um programa divertido para o resto da noite. Mas fico a pensar em quem poderá ser esse Lúcio, talvez seja o novo namorado da Alice, o que não me surpreende. Nos últimos meses, fazíamos vidas completamente separadas, não me surpreenderia que ela tivesse conhecido alguém. Não, não, aconselha a Mãe quando lhe conto a conversa com os miúdos depois de os levar ao comboio, não vais falar com a Alice sobre isso. Ela falará sobre o assunto quando achar que é necessário. A Mãe tem toda a razão, diz a Sofia quando lhe telefona, afinal, vocês estão separados e ela tem todo o direito de refazer a vida dela como tu.  E se o tal Lúcio não for uma boa pessoa? e a Sofia suspira, às vezes, és muito burro!!! e desliga. Continuo a ter problemas com o Centro e o Pai aconselha-me a fechar antes que " percas tudo" diz, mas o que é que eu faço depois? pergunto. Encontrarás uma solução, é a resposta enigmática e durante as semanas seguintes, o

O PROBLEMA DO GONÇALO PARTE III

  Volto a suspirar, a Mãe e a Sofia ficam para jantar, é um jantar tranquilo, divertido. O telemóvel toca quando elas se despedem, é o António, queixa-se da escola, não gosta dos professores, dos colegas. Ouço-o atentamente, aconselho-o a ter calma e quando ele finalmente desliga, telefono à Alice para saber concretamente o que se passa. A minha ex acha que o António tem má-vontade, o Bruno adaptou-se muito bem, comenta, está a ser um sucesso entre os colegas e os professores gostam muito dele. Ok, eles vêm cá este fim de semana, respondo, falo melhor com o António, ele tem que fazer um esforço. Mas o meu filho não me quer ouvir, protesta contra o horário, a organização das aulas e acha os colegas "pedantes". O Bruno ri-se, pois eles pensam o mesmo de ti, diz, estás sempre calado, ficas encostado a um canto, não participas em nada! Até já me perguntaram se és atrasado mental!!! Bruno, interrompo, ninguém pode dizer isso, espero bem que tenhas defendido o teu irmão! e o Bruno

O PROBLEMA DO GONÇALO PARTE II

  É tudo uma questão de tempo, diz o Pai, eles próprios têm que descobrir isso e tu mostra-te receptivo, aconselha-os se tiverem dúvidas, deixa-os crescer. É complicado vê-los partir, fico no passeio até o carro desaparecer e depois volto para a minha casa vazia. Vazia é como quem diz, a Mãe descobriu a chave sobresselente e está a arrumar a cozinha, a Sofia na sala a dispor os móveis. Eu ia fazer isso, protesto e a Mãe ri-se, quando? pergunta e continua a arrumar, encolho os ombros e abro o frigorífico para tirar uma cerveja. Está cheio de alimentos, oh, Mãe, comprou isto tudo? exclamo e a Mãe volta a rir-se, já sei que só ias comer take-away, assim não tens desculpa! E, os miúdos? interrompe a Sofia e eu encosto-me ao frigorífico, encolho os ombros, não estão muito convencidos, não sei se se vão adaptar e não sei o que fazer se isso acontecer. O melhor a fazer é manter a calma, ouve-os, aconselha-os, repete a Mãe e eu suspiro, sim, foi isso o que o Pai disse. O teu Pai é um homem sen

O PROBLEMA DO GONÇALO

  Quando as coisas correm mal...correm mesmo mal, não importa o que a Mãe diz. A situação no Centro Desportivo não está famosa, até pedi ao Pai para fazer a revisão de contas e como se não bastasse, a minha companheira decide que está na altura de voar mais alto e quer separar-se. As condições que me oferecem são excepcionais, explica, vou ser a Directora de Operações, responsável pela logística da empresa, não entendes isso, Gonçalo? Entender, entendo, mas o problema é que terá que se mudar para a cidade onde está a sede da empresa e quer levar os nossos filhos. Vêm cá passar os fins de semana de quinze em quinze dias, continua a Alice, a viagem de comboio dura hora e meia e passam o Verão todo contigo, não vejo qual é o problema? Pois... mas eu gosto de jantar com eles, falar sobre o que se passou na escola e ler-lhes um capítulo do livro de aventuras. Quando lhes falo no assunto, a Alice já lhes contou, embora tivesse discordado, devíamos ter sido os dois, contesto, mas a minha ex e

A ENTREVISTA - FIM

  A Francisca não parece convencida e a Teresa suspira, a sobrinha pode ser muito teimosa ás vezes. O que diria a Rita agora? pensa e é então que tem uma ideia, um almoço só de mulheres em casa da irmã Carolina, era isso que a Rita faria. Vamos organizar um almoço em casa da Carolina, e ergue a mão quando percebe que a sobrinha vai protestar, convida-se a Clotilde e tu também vais estar lá.  Separam-se à porta, a Francisca está amuada, mas a tia está muito animada, telefona de imediato ao Gonçalo. Conta-lhe por alto a conversa com a Francisca, a tua filha está a exagerar, diz, mas tenho um plano e é por isso que preciso do nº de telemóvel da tua amiga. Mas o que é que vais fazer? insiste o Gonçalo, estas mulheres são uma confusão, pensa, mas não se atreve a contrariar a cunhada. Avisa a Clotilde de que vai receber um telefonema da cunhada Teresa, vais gostar dela, é muito sensata, muito prática, comenta, não sei o que ela tem em mente, mas vai ser interessante. A companheira gostaria d